O Jantar dos Veteranos contará com o show de um dos mais talentosos artistas brasileiros: Wilson Simoninha. Com mais de 30 anos de carreira, o filho de Wilson Simonal (1938-2000) já deixou de ser uma promessa para inscrever seu nome na MPB. Compositor, intérprete e produtor, Simoninha trabalhou com grandes nomes, como Jorge Ben Jor, Caetano Veloso e Maria Rita. Em entrevista à Revista, o músico fala sobre talento, a trajetória de sua carreira, o legado do pai e o show cheio de swing que apresentará no palco pinheirense.
Você já trabalhou com Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Ed Motta, entre outros. O que mais o surpreende na música?
Poder conviver e trabalhar com outros artistas me dá muita alegria. Por isso, divido a minha vida também entre direção e produção artísticas para atuar em várias frentes. Acho que o que sempre me surpreende é o talento. É como enxergo a alma do artista. Isso é muito bonito. Estou aberto a entender o novo e a experiência de quem está aí há muito tempo.
Em outras entrevistas você disse que qualquer tipo de comparação com o seu pai é uma manifestação de carinho. Sempre foi assim bem resolvida essa questão?
Sempre. Porque o Simonal teve uma história difícil. Antigamente ele não era tão bem visto como ele é hoje. Teve muitas polêmicas. Então, ser filho do Simonal não era algo fácil. Hoje, cada vez que as pessoas se lembram dele e me comparam, é uma forma de estar falando dele.
Você acha que talento musical é algo que está no DNA?
Acho que você ser de uma família de artistas te coloca em uma situação de vivenciar certas coisas. Isso aconteceu comigo. Estive nos bastidores de teatros, de estúdios, da televisão desde muito cedo e acabei indo por esse caminho. Acho que o que ajudou de fato é ter vivido nesse universo desde criança. Mas claro que precisa também do talento.
Você chegou a entrar na faculdade de Direito. Pensou em não seguir a carreira musical?
Quando era criança, muito em função das questões que meu pai teve na carreira dele, convivi muito com advogados. E achava que advogado era uma coisa que tinha a ver com justiça, de uma maneira poética, por isso fiz um ano de Direito. Houve aquela pressão natural de ter uma formação, naquela época. Eu tinha uma pressão não da minha família, mas uma pressão social. Achava que deveria me encontrar. Quando entrei na faculdade, percebi que não era isso que ia me fazer feliz, a música era o meu caminho.
Você costuma mexer na obra do Simonal com frequência. Como é para você?
É natural. Durante muito tempo da minha carreira, até 2010, as pessoas pediam muito para eu cantar as músicas do meu pai e eu cantava pouco. Tributo a Martin Luther King era uma das únicas músicas que tinha gravado e fazia parte do repertório dele. Acho que primeiro queria me afirmar artisticamente. E naquele momento, em 2010, houve uma redescoberta muito grande da obra do Simonal. Teve livros, documentário, especiais de TV, o Baile do Simonal, e aí eu e meu irmão (Max de Castro) demos continuidade ao Baile, que fez muito sucesso. Nesse projeto, comecei a cantar mais as músicas dele. Trabalhar a obra do Simonal pela obra do Simonal é algo que gosto de fazer. No ano que vem será lançado um filme sobre ele, que já ganhou inclusive prêmios do Festival de Gramado. Tentamos sempre apresentar a obra do Simonal pelo Simonal. Nesse sentido, acho interessante. As pessoas têm que conhecer.
Como você buscou sua identidade musical?
Com trabalho. Eu conto a minha carreira a partir de 1989, quando fui para a rua e comecei a tocar. São 30 anos de estrada sem contar que estou na música desde que nasci. A identidade vem disso. E do respeito que temos aqui e nos outros países. Hoje tenho essa tranquilidade e respeito no meio artístico. Só tem um jeito de você conquistar isso: é com trabalho.
O show que você vai fazer no ecp mistura Simoninha e Jorge Ben Jor, como foi a escolha do repertório?
Esse espetáculo que vou fazer no Clube eu misturo as canções. É meio oriundo do Baile do Simonal. Porque o repertório do Jorge Ben Jor foi lançado pelo Simonal. Canto um pouco de tudo. Buscar a excelência musical faz parte da minha história. Sempre fico feliz quando as pessoas percebem o talento da banda que nos acompanha.
Você vai fazer um show no maior clube poliesportivo da América Latina. Você conhece o Pinheiros?
Conheço o Clube e tenho muitos amigos pinheirenses, quase fui associado. Meu pai fez muitos shows no Pinheiros e tenho uma relação de carinho. Além da relação com o esporte