Silvio Forti, o técnico centenário no vôlei do Pinheiros

Com mais de 30 anos dedicados ao Esporte Clube Pinheiros, Silvio Forti se tornou um sinônimo de vôlei no clube azul e preto. Em 2019 o treinador alcançou a inimaginável marca de 101 títulos oficiais à frente das categorias de base, considerando-se apenas os times masculinos das categorias infantil, infanto-juvenil e juvenil. Estão incluídos na galeria centenária de conquistas, 27 campeonatos brasileiros e quatro sul-americanos, além de estaduais, paulistas e metropolitanos.

O título mais recente, o 101º, veio em dezembro com o time infantil (16 e 17 anos) campeão paulista em cima do COTP – Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa. No mesmo mês, Silvio ainda levantou a taça do estadual infanto-juvenil como assistente técnico de Eduardo Gonçalves na equipe feminina, título não computado entre os 101.

“Minha característica de formação casa perfeitamente com a missão do Pinheiros, que é trabalhar na base do esporte. O clube nunca deixou faltar nada para que desenvolvêssemos esse trabalho com excelência. Tenho a facilidade de descobrir talentos porque me especializei nessa área”, conta o treinador em relação aos objetivos estabelecidos e alcançados.

O trabalho de formar atletas com eficiência, exigiu estudo e dedicação ao longo de anos. “Minha quinta pós-graduação foi em Motricidade do Esporte, fundamental para a formação. A coordenação de movimentos é adquirida na adolescência e será aproveitada para o resto da vida em qualquer modalidade. Também dou aulas em um colégio que serve como um excelente laboratório. A questão é: educar o corpo”, revela Silvio.

O técnico pinheirense se formou em educação física em 1981 e no ano seguinte fez sua primeira pós-graduação especializada em natação e vôlei. Em 1982 ingressou no Pinheiros para trabalhar com a natação, atendendo à modalidade até 1985, ano em que foi convocado pela Federação Paulista de Volleyball como preparador físico da seleção paulista juvenil para o Brasileiro de Seleções disputado no Guarujá (SP).

“Quando retornei da seleção ao Pinheiros, fui direcionado para o vôlei e iniciei o trabalho nas categorias de base do feminino e depois passei para o masculino. Em 1986 já subimos para a principal divisão do Campeonato Paulista com os times infantil e infanto-juvenil. ”, recorda-se Silvio, que levou as três categorias de base a conquistar três títulos (estadual, paulista e metropolitano) por oito anos seguidos.

Do Pinheiros ao ouro olímpico – Três campeões olímpicos dos Jogos Rio 2016 passaram pelas mãos de Silvio nas categorias de base do Pinheiros, ratificando a contribuição ímpar do clube e de seus profissionais ao esporte brasileiro. O levantador William Arjona (El Mago), hoje no Sesi-SP, e os ponteiros Maurício Borges e Douglas Souza, que atualmente defendem Sesc-RJ e Taubaté (SP), respectivamente.

O treinador tem ainda, 30 convocações como técnico da seleção paulista em campeonatos brasileiros, com 27 títulos conquistados. “Pretendo seguir revelando e formando atletas por mais alguns anos. O material humano que possuímos é promissor, o que aumenta o desafio. Em breve eles estarão representando o Brasil nas principais competições do vôlei mundial”, afirma Silvio Forti com plena segurança, incansável aos 64 anos.

Do gol para o vôlei – A origem esportiva de Silvio é o futebol, no gol mais especificamente. A motivação para jogar nasceu na escola, a partir das aulas de educação física em São Sebastião da Grama, a 250 km de São Paulo. “Meus professores eram muito bons e me deram uma base excelente. Eles inclusive me incentivaram a passar por uma peneira no juvenil do Palmeiras. Lembro-me que era uma segunda-feira. Fui tão bem no teste que nem deixaram que eu retornasse para casa, fiquei direto no Parque Antártica. Ligaram para meu pai, inscreveram-me às pressas e no sábado seguinte já estreei contra o Santos”, recorda o ex-goleiro.

Após três anos no Palmeiras, Silvio jogou na Portuguesa, Botafogo, Sport (PE), Londrina (PR) e Juventude (RS). Sofreu uma lesão séria no joelho com tempo de recuperação estimado em oito meses. “Meus pais insistiram para que eu estudasse e para me manter no esporte fiz Educação Física. Migrei para o vôlei porque eu tinha um professor muito bom nessa modalidade e já havia desenvolvido como goleiro, os principais movimentos: defesa, deslocamento, impulsão, reflexo. Foi assim que tudo começou”, relata com toda humildade o vitorioso treinador pinheirense.


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