Saiba mais sobre H1N1 e tire suas dúvidas

A médica, professora da UNIFESP e membro da ISIRV-International Society of Infleunza and Others Respiratory Virus, Nancy Bellei, respondeu todas as dúvidas sobre a H1N1. Fique por dentro para poder cuidar melhor da sua saúde e se prevenir.

1- O que é exatamente H1N1? Em que difere da gripe normal?

O vírus H1N1 é um vírus influenza causador de gripe que surgiu em 2009 e ficou conhecido popularmente como gripe suína. O vírus continuou circulando desde 2009 e de tempos em tempos causa epidemias mais intensas.  A diferença em relação a gripe comum, é que por ser um vírus relativamente novo na espécie humana causa doença às vezes grave, em qualquer paciente de qualquer faixa etária da população. Claro que a maioria das pessoas terá uma gripe comum – febre, tosse mal-estar por alguns dias sem nenhuma complicação.

2- Quais os primeiros sintomas?

Os primeiros sintomas são a febre elevada (acima de 39 C) de início súbito, ou seja, a pessoa refere que estava bem e de repente sente dores no corpo, dor de cabeça, febre, dores nas juntas, dores musculares. Depois de algumas horas, tosse, além de dor de garganta com ou sem espirros. É possível que algumas pessoas tenham quadros clínicos mais leves também.  Algumas pessoas, um pequeno número, mais comum em pacientes portadores de doenças crônicas, gestantes, idosos e crianças, podem apresentar sintomas mais graves e progressão da doença. Nestes casos, a febre não melhora após o 3º dia da sintomatologia ou surge a falta de ar, às vezes até antes das 72 horas. Estes sintomas, ou um mal-estar intenso, devem ser considerados sinais de alarme e os pacientes devem procurar imediatamente o atendimento médico.
3- Como se proteger?

A melhor prevenção é a vacinação. No entanto nas epidemias precoces, como a que está acontecendo agora, as vacinas não estão rapidamente disponíveis. Além disso, mesmo quando disponível, após a vacinação, o organismo leva até 2 semanas em média para começar a produzir anticorpos protetores. Ou seja, mesmo se vacinado, não há garantia que em meio a epidemia você não se infectará nas primeiras semanas.

Importante – evite aglomerações, eventos em lugares fechados, mantenha distância de quem tosse ou espirra, lave frequentemente as mãos e evite contato com as mucosas.
4- Qual tratamento?

O tratamento médico para os pacientes, poderá ser com o uso do antiviral Tamiflu – oseltamivir. Em geral, todos os pacientes de risco (gestantes, idosos, crianças menores de 5 anos, doentes crônicos) devem ser tratados após avaliação médica, logo no início do quadro febril para evitar complicações. Não é necessário fazer exame confirmatório, o qual só deverá ser feito em pacientes hospitalizados. Os pacientes que não fazem parte do grupo de maior risco para complicações podem ser tratados preferencialmente no início do quadro, as primeiras 48 horas ou se apresentarem doença em progressão com febre persistente e/ou falta de ar a qualquer momento. Nos outros casos podem ser utilizados os sintomáticos do tipo anti-inflamatórios ou antipiréticos (reduzem a febre) que o próprio paciente já tenha utilizado anteriormente em outros casos gripais.

5-    Qual tempo de atuação?

Em geral dura 1 semana, a febre (temperatura acima de 37,8 C) dura 3-4 dias, mas a tosse, no início seca e depois “produtiva”, ou seja, ruidosa, e com expectoração de catarro dura 7-14 dias.

6 – Ela pode se agravar muito?

Sim. Ela pode levar a hospitalização e óbito. Nos casos de H1N1, a morte será devido a pneumonia ou a piora das condições da doença crônica que o paciente já tinha anteriormente. Neste momento, não sabemos qual a proporção de indivíduos com gripe H1N1 que tem risco de evoluir para óbito. Em epidemias anteriores este número era menor que 1%.

7- Como funciona a vacinação?

No Brasil, temos a vacina trivalente distribuída gratuitamente a grupos prioritários (grupos de risco para complicação que já comentei).

Além desta, há vacinas trivalentes ou quadrivalentes produzidas por laboratórios privados e comercializadas em clinicas e hospitais particulares.

Trivalente – contem 3 vírus influenza AH3N2, AH1N1 E INFLUENZA B

Quadrivalente – contem 4 vírus influenza A H3N2, AH1N1 e Influenza B de duas linhagens diferentes.

A vacina quadrivalente é mais abrangente para o caso de eventualmente circularem cepas mais variáveis de Influenza B. Importante entender que nem sempre estas cepas de Influenza B circulam com intensidade elevada. A doença por influenza B, é semelhante a doença da gripe comum e da gripe H1N1. O que é diferente é o fato do vírus circular em menor intensidade em algumas estacoes, porem vale lembrar que com frequência acomete mais crianças e adolescentes.

8- Na sua opinião, porque estão crescendo os casos de H1N1?

É muito difícil saber a causa de um evento inesperado relacionado ao vírus influenza. A precocidade de H1N1 já aconteceu anteriormente. Em outros países, no Hemisfério Norte, persiste circulando em algumas regiões de forma tardia ao comumente visto em anos anteriores. A maior transmissibilidade ou gravidade, se realmente confirmada no fim da epidemia atual, poderá também estar relacionada a eventuais mutações vírus. Mas importante comentar que a vacina continua protetora e o tratamento precoce eficaz até o momento.

9-Qual importância da divulgação?

É muito importante divulgar as orientações sobre os sinais de agravamento dos sintomas relacionados a suspeita de H1N1,  para que os pacientes saibam quando procurar o médico. Alguns estudos mostram que o vírus ao atingir os pulmões tem uma maior facilidade de replicar e causar pneumonia do que os outros vírus do tipo influenza. Felizmente isto não acontece na maioria das pessoas.

Doutora Nancy Bellei Infectious Diseases Division Federal University of Sao Paulo -UNIFESP


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