Grandes crises na história da humanidade, como a do novo coronavírus, suscitam transformações no modo de vida e principalmente na infraestrutura urbana.
já pensou levar apenas 15 minutos para fazer diversas atividades dentro da cidade, como ir ao trabalho, à escola, ao mercado ou ao médico? Essa é a ideia de sociólogos e urbanistas para garantir mais qualidade de vida à população urbana, a partir do planejamento estrutural de bairros, que contariam com comércio e lazer, de forma que os moradores não precisassem sair da vizinhança para realizar suas tarefas do cotidiano.
Com a pandemia do novo coronavírus, esse modelo urbano vem ganhando cada vez mais adeptos, porque poderia reduzir o contágio de doenças através do deslocamento mais rápido e restrito das pessoas. Como em diversos outros momentos da história, a crise da Covid-19 está moldando mudanças na sociedade e no contorno das cidades, fazendo com que o modo de vida seja repensado.
Nos chamados bairros autossuficientes, trabalho, escola, médico, mercado e outros serviços estarão literalmente logo ali, acessíveis a pé ou de bicicleta. A ideia é diminuir o tempo de deslocamento e, ao dispensar longas distâncias, o risco de crises como a das pandemias. Além disso, nas chamadas cidades policêntricas, opções de transporte e condições de moradia e infraestrutura sanitária também seriam aprimoradas.
CIDADE DE 15 MINUTOS
O sonho parece pertencer a um futuro distante, mas não está tão longe assim. Em Paris, esse modelo de cidade já está sendo fortemente proposto pelos políticos. A ideia é transformar a capital francesa em uma “cidade de 15 minutos”, em que os parisienses poderiam fazer suas atividades essenciais do cotidiano em uma rápida caminhada ou de bicicleta.
Em Vancouver, no Canadá, o esforço em tornar reais as cidades policêntricas já existe desde a década de 1990, com um documento que destaca a importância de as famílias terem acesso a diversos serviços a uma distância curta de suas casas. Portland, nos Estados Unidos, e Melbourne, na Austrália, também estão se preparando para criar comunidades mais autônomas, as chamadas “vizinhanças de 20 minutos”.
São Paulo está de olho nessa ideia, e a questão dos bairros autossuficientes já esteve em pauta nos planos diretores mais recentes da cidade. Segundo pesquisas, com a pandemia, 46% dos paulistanos passaram a valorizar o comércio e os serviços dos bairros onde residem, e 30% estão mais atentos aos serviços públicos locais. Redesenhar a estrutura urbana paulistana, a exemplo dos outros países, é uma ideia que ganhou força com a crise nos últimos tempos.
Quem sabe em um futuro próximo seja possível ir ao trabalho, à escola, ao médico e ao mercado em apenas 15 minutinhos, sem sair da bonita vizinhança?