Depois de quatro meses de treinamento em São Paulo, o ganhador da medalha de bronze nos 400 m com barreiras nos Jogos Olímpicos de Tóquio treinará em Chula Vista
O medalhista olímpico Alison dos Santos, do Esporte Clube Pinheiros, bronze na histórica final dos 400 m com barreiras nos Jogos de Tóquio em 2021, partiu nesta quarta-feira (2/3) para mais um estágio de treinamento no Centro Olímpico dos Estados Unidos, em Chula Vista, San Diego, na Califórnia. O primeiro objetivo é o Mundial de Oregon, de 15 a 24 de julho, também nos Estados Unidos, dentro do ciclo olímpico para Paris-2024.
Eleito o melhor do atletismo brasileiro pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) e vencedor do Prêmio Loterias Caixa da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Alison encara com tranquilidade a missão de melhorar seus resultados. Meta nada fácil para um atleta de 21 anos, que quebrou seis vezes o recorde sul-americano e obteve a fantástica marca de 46s72, na final olímpica de Tóquio, a terceira melhor da história.
O pinheirense não retornará ao Brasil tão cedo. “Voltei aos treinos em outubro, em São Paulo, e quero chegar à minha melhor forma na final dos 400 m com barreiras no Mundial de Oregon. Tínhamos uma tabela, estudos para chegar a 46s78”, confirmou Alison, mais conhecido como Piu. “A partir de agora temos de ter criatividade e arriscar, o foco imediato é o Mundial.”
Integrante do Programa Seleção Permanente Loterias Caixa, Alison concedeu entrevista exclusiva à CBAt. “Tenho de repetir o que venho fazendo de bom e acho que posso ser mais rápido. Melhorar o início de prova e otimizar os pontos de dificuldades. Fizemos muitos testes comparativos para aprimorarmos a relação força-potência, além de analisar a forma óssea e muscular estrutural. Estamos usando muita bioquímica e biomecânica, com o levantamento de dados sobre como chego aos treinos e, depois, como saio. Tudo isso é computado”.
Alguns estudos indicam que um atleta de 2,00 m precisaria ter como peso ideal, 79 kg. Alison pesa 77 kg. “Esse assunto tem muita prática e pouca teoria. Ok, 79 kg seria bom. Mas meu peso não aumentou no ano passado e mesmo assim minhas marcas melhoraram. Estou ficando mais forte”, observou o barreirista.
Formação fez a diferença – Formado no Instituto Edson Luciano Ribeiro, em São Joaquim da Barra (SP), onde nasceu em 3 de junho de 2000, o atleta do Pinheiros avalia a iniciativa como excelente. “Comecei num centrinho, algo bem necessário em todos os sentidos”, disse. “Crianças podem treinar melhor, é algo que transforma. Fui criado num centro, onde se não sair um bom atleta vai sair um cidadão melhor.”
Alison lembra que se achava um atleta muito ruim na formação. “Perdia para todo mundo, mas não aceitava sair por baixo. Eu tinha uma relação de cão e gato com a Aninha”, lembrou, referindo-se a treinadora Ana Fidélis, de quem é amigo pessoal. “Perguntava o objetivo dos treinos, por que, para que? Era muito questionador. Depois acertei, venci competições e achei meu caminho.”
Hoje, mantém ótima relação com o treinador Felipe de Siqueira. “Ele é tranquilo, mas também não dou brecha para bronca. Cumpro sempre as minhas obrigações”, observou o atleta, que se deu como um presente após a Olimpíada uma BMW, que usa para desestressar, ouvir música e sair, quando pode, sem destino. “É muito bom estar numa Olimpíada. Chega naquele ambiente. Lugar mágico, energia incrível”.
Alison ganhou também um quadro da CBAt por ter sido considerado o melhor atleta masculino de 2021, em votação pela internet. “O quadro está no meu quarto, em cima da televisão… Vejo todo o dia, o que me estimula ainda mais a levantar e partir para o treino”.
Foto: Wagner Carmo / CBAt