Em quase 20 anos na prática do Halterofilismo, o pinheirense é dono de sete títulos Pan-Americanos, um bronze no Mundial Júnior, o 5º lugar na Olimpíada do Rio-2016, entre outros. A conquista mais recente foi no Pan-Americano, realizado em Santo Domingo, República Dominicana. O esportista levou três medalhas (nas três que disputou) na categoria acima de 105 kg e bateu recorde das Américas no arranco. Para chegar a ser um atleta de ponta e fazer parte de pódios frequentemente, é preciso (muito) treino e (muita) dedicação. Em entrevista à Revista, Fernando Reis conta como foi seu começo no esporte, com apenas 11 anos de idade, e como se construiu e se firmou como um dos maiores campeões nacionais.
Associado desde que era criança, você lembra como e quando foi o seu primeiro contato com o esporte e quais modalidades você praticou?
Meu primeiro contato com o esporte foi através do meu avô Silvio Saraiva, que costumava me levar para assistir ao Futebol no Clube. Depois, com cerca de oito ou nove anos, participei do CAD e lá passei pelo Judô, Natação, Ginástica Artística, Saltos Ornamentais, Polo Aquático e Futebol.
Antes do Levantamento de Peso você representou o ECP no Futebol?
Aos 11 anos jogava Futebol e representava o Clube no Campeonato Interclubes, onde cheguei a ser o goleiro menos vazado do Paulista. Nessa época tive como treinador o Liminha.
Seu pai, Horácio Soares Reis, também é halterofilista. Como isso influenciou sua escolha?
Eu iniciei a prática do Levantamento de Peso Olímpico por influência do meu pai. Na época ele era diretor do departamento de alterofilismo, lembro-me que após a prática do Futebol ia encontrar com meu irmão na sala de Halterofilismo e um dia recebi o convite do técnico, que na época era o Edmilson Dantas, e comecei de maneira lúdica e recreativa.
Quais foram os principais medos da sua família na hora que você escolheu seguir carreira no esporte?
A grande preocupação era com a segurança. Até porque o Levantamento de Peso sempre carregou o paradigma de ser muito agressivo. E começando de maneira tão precoce, com apenas 11 anos, acho que fui um dos pioneiros a começar nessa idade. Na época meu pai me levou
ao Dr. Joaquim Grava para uma consulta e ele foi bem incisivo na resposta e afirmou que eu faria a carga que fosse capaz de erguer e que poderia praticar sem problema nenhum.
Boa parte dos associados praticam alguma modalidade, mas não seguem a carreira de atleta. A carreira de atleta exige uma disciplina ímpar. A parte do treinamento é só uma fração mínima, o que realmente é significativo é o pós-treino, descanso e recuperação.
E a grande maioria não está disposta a pagar o preço para atingir seus objetivos.
Em que momento percebeu que tinha feito a escolha certa?
Um campeonato que foi um divisor de águas foi o mundial juvenil, quando consegui a medalha de bronze em 2010, em Sofia, Bulgária.
No Brasil, como é a vida profissional de um atleta?
Não é fácil ser atleta, mas sou exceção porque conto com um respaldo ímpar do Clube e também da minha família.
Com apenas 17 anos você foi o caçula da seleção brasileira de Levantamento de Peso nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Como foi essa experiência?
Fui o atleta mais jovem da delegação brasileira. Nessa competição fiquei em último lugar. Lógico que fiquei triste, mas sabia que era muito jovem para este nível de competição.
Tanto sabia que quatro anos depois me sagrei campeão e quebrei todos os recordes do mesmo campeonato tornando-me o primeiro brasileiro da história a obter uma medalha de ouro em Pan-Americano.
Hoje você é o principal nome do Levantamento de Peso do País. O que isso significa para você?
Meu objetivo principal é pegar uma medalha olímpica, acho que o título de melhor do Brasil é algo natural, resultado de muito trabalho, treino, disciplina e resiliência.
Você é conhecido como o homem mais forte das Américas. Como é sua carreira internacional?
Eu me mantenho como homem mais forte das Américas desde 2011, quando fui campeão Pan-Americano. Depois desse torneio não perdi mais nenhuma partida nas Américas. Por isso o título de homem mais forte das Américas. O reconhecimento te assusta?
Reconhecimento só me incentiva a treinar mais e chegar a ser o homem mais forte do mundo.
Como está sua preparação para Tóquio-2020?
Minha preparação para Tóquio 2020 está indo muito bem. Atualmente, resido nos Estados Unidos, onde treino duas vezes por dia, de segunda a sábado.
O que só o esporte te ensinou?
O esporte me ensinou que através da consistência qualquer objetivo se torna real. É muito fácil fazer qualquer coisa bem por um curto período, seja trabalho, estudo ou treinamento. O difícil é manter essa consistência durante os 365 dias no ano.
Você consegue definir a importância do Pinheiros na sua vida?
O Clube é minha casa. Posso afirmar, talvez, que passei mais tempo dentro do ECP do que na minha casa. Cresci correndo e brincando nas alamedas do Clube. Joguei muita bola nos campos. Conheci grandes amigos. Tive e tenho suporte total do Pinheiros, represento a terceira geração da minha família no Clube. Agradeço e tenho orgulho de representar a bandeira do Clube.