Lendas do Esporte: elas fazem a história do Pinheiros

Para construir seu legado esportivo, o Clube contou e conta, até hoje, com a força de atletas femininas exemplares

Se o universo esportivo já é desafiador por si só, para as mulheres o desafio se torna ainda maior. Assim como no mercado de trabalho, na política e na sociedade de forma geral, “ser mulher” no esporte nunca foi uma tarefa fácil. Trata-se de uma luta diária, com gradativa conquista de espaço, mostrando que são capazes de lutar e brilhar em busca de resultados, medalhas e troféus.

De acordo com os registros, apesar de a primeira Olimpíada da Era Moderna ter sido realizada na Grécia em 1896, a primeira participação feminina só ocorreu em 1900, e em apenas duas modalidades: tênis e golfe e de maneira informal. Somente em 1936 o COI reconheceu de fato as mulheres como atletas olímpicas, enquanto a presença feminina em corridas de longa distância foi consolidada apenas em 1984 em Los Angeles. As mulheres só passaram a ter direito de participar de todas as modalidades olímpicas em 2012, nos Jogos de Londres.

No Brasil, chegaram a oficializar um decreto-lei que proibia as mulheres de praticarem esportes “incompatíveis com a sua natureza”, como o futebol e a luta, entre outros, mas o decreto acabou sendo derrubado em 1979. Também temos uma personalidade brasileira que se destacou no âmbito olímpico, a nadadora Maria Lenk, que com apenas 17 anos, em 1932, foi a primeira brasileira a participar de uma Olimpíada, o que se tornou grande incentivo para outras mulheres iniciarem suas carreiras no esporte. Destaque também para Marta Vieira da Silva, que entrou para o futebol profissional em 2000 e é considerada a melhor jogadora do mundo.

No Pinheiros não poderia ser diferente, o Clube que tem a sua história construída pelo esporte, também contou com muitas figuras femininas para chegar onde chegou. Nos dias atuais, elas marcam presença em todos as modalidades que o Clube oferece, seja no alto rendimento ou no esporte associativo.
E mesmo que sejam delas todos os dias do ano, neste mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, vale a pena valorizá-las e relembrarmos algumas de nossas “Lendas do Esporte”:

 

Eleonora Schmitt
Filha de imigrantes alemães que chegaram ao Brasil da década de 1920, Eleonora encontrou no até então Sport Club Germânia sua segunda casa. Passa a maior parte do tempo no Clube, praticando esportes e desfrutando do espaço. Por volta de 1941 foi obrigada a se afastar por um período, pois como o Brasil declarou guerra à Alemanha, todos os alemães foram convidados a se retirar do Clube.

Em 1947, já tendo retornado ao, agora, Esporte Clube Pinheiros, mal sabia ela que marcaria não só a história do Clube, como a do esporte brasileiro. Dedicando-se aos saltos ornamentais, naquele mesmo ano obteve ótimo desempenho, ganhando uma série de competições e conquistando o título de campeã brasileira. Mas para sua tristeza, ao terminar o campeonato nacional, ficou sabendo que a Confederação de Desportos Aquáticos (CBDA) havia decidido não levar a equipe feminina de saltos para os Jogos Olímpicos de Londres em 1948. Foi aí que o técnico de natação do Pinheiros na época teve uma ideia inusitada ao perguntar para Eleonora se ela não queria disputar a Olimpíada pela natação, pois ainda havia uma vaga no revezamento 4x100m.

A jovem atleta aceitou o desafio e iniciou sua corrida contra o tempo, pois haveria uma seletiva em abril no Rio de Janeiro, da qual ela teria de participar para conquistar a vaga. “Fui para o Rio e ganhei a vaga e assim mudei para a natação”, relembra. Eleonora Schmitt foi um dos 60 atletas da delegação brasileira naquela edição olímpica, sendo sete do Pinheiros. Mesmo não competindo na modalidade que era a sua especialidade, garantiu a sexta colocação.

Conheça um pouco mais da história de Eleonora Schmitt, no “PinCast”, um podcast especial produzido pelo Clube, que contou com a participação dela: https://deezer.page.link/VPxaoNQvvJsAc67v5

 

Adriana Aparecida da Silva
Nascida em uma cidade do interior paulista, Cruzeiro, foi lá que Adriana Aparecida da Silva iniciou sua trajetória no esporte, o meio que transformaria sua vida. Em 1993, quando tinha 12 anos, resolveu aceitar o convite de um dos irmãos, para correr numa prova de rua. Apesar de encarar como uma brincadeira, sem saber direito o que estava fazendo e, mesmo sem caçar o tênis mais adequado, ganhou a prova.

De origem humilde, encontrou no esporte a oportunidade de ajudar a mãe, que a criava, assim como aos irmãos, sozinha e com dificuldades. Chegou a depender da ajuda de vizinhos. Adriana ingressou no projeto da cidade destinado às crianças, o Papaléguas, que inclusive organizou a primeira corrida que ela participou. A partir desse ponto a vontade de seguir carreira no esporte foi crescendo e se consolidou. A princípio se dedicava às corridas de distâncias menores, mas após participar da São Silvestre (2004), com o terceiro lugar, constatou a capacidade de aguentar provas mais longas e sua trajetória começou a mudar.

Chegou ao Esporte Clube Pinheiros em 2006, ano que não estava sendo fácil para ela porque sofria com lesões frequentes e, por consequência, entrou em depressão. Motivada pelos treinadores do Clube, deu a volta por cima, retornando às competições e dando os primeiros passos para consolidar-se como um dos principais nomes da maratona no País.

Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara em 2011, após ser campeã e bater o recorde, da competição com 2h36m37, o público passou a conhecer melhor a “Adriana Maratonista”. No ciclo seguinte, no Pan de Toronto em (2015, defendeu o seu título e se tornou bicampeã pan-americana da prova. No mesmo ano, disputou várias corridas e obteve muitas conquistas. Competiu ainda em dois Jogos Olímpicos: Londres em 2012, sendo a única brasileira a disputar a maratona, e Rio de Janeiro em 2016.
Agora já em fase de transição de carreira, Adriana, que também se formou em educação física, é terceiro sargento do exército e uma das representantes da comissão de atletas do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Tem se dedicado a outros projetos como, palestras e fundar um instituto destinado às crianças, um sonho antigo.

Confira a participação de Adriana em ou outro episódio especial sobre os Jogos Pan-americanos, do “PinCast”, um podcast especial produzido pelo Clube: https://deezer.page.link/b2bfH2u9X4xBgQA8A

 

Daiane dos Santos
Nove medalhas de ouro em etapas de Copas do Mundo, ouro no Mundial de Anaheim (EUA) em 2003, três Jogos Pan-Americanos: Winnipeg (1999), Santo Domingo (2003) e Rio de Janeiro (2007); três Jogos Olímpicos: Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012). Estas são algumas das experiências internacionais de Daiane dos Santos. A ginasta, hoje aposentada aos 38 anos, marcou presença na equipe adulta brasileira de ginastica artística entre os anos de 1997 e 2012.

A atleta gaúcha começou a praticar a modalidade no Rio Grande do Sul e chegou ao Pinheiros em 2008, passando a treinar com o técnico Raimundo Blanco. Ao lado de outros grandes nomes, como Laís Souza, fez história no Clube e na ginástica brasileira, tornando a modalidade mais conhecida e querida entre o público. Daiane inclusive criou um salto de solo (duplo twist carpado) e o movimento foi batizado com o seu nome “Dos Santos”. Atletas da atualidade, como é o caso de Arthur Nory, afirmam terem se espelhado na ginasta, no início de sua carreira e a consideram como um ídolo.

Outro detalhe que sempre fez com que a atleta chamasse atenção, eram as suas escolhas musicais para as performances na prova de solo. A trilha que a tornou mais conhecida foi Brasileirinho. Depois de competir nos Jogos de Londres (2012), onde obteve teve o melhor desempenho de uma equipe brasileira (17ª posição) e após passar por uma cirurgia no joelho, decidiu encerrar sua carreira como ginasta.
Daiane, porém, permanece envolvida com o esporte de outras formas: como comentarista de ginastica no período de grandes competições, como Pan e Olímpiada e marcando presença em campeonatos paulistas e brasileiros, para prestigiar os talentos da nova geração. Atualmente a ex-ginasta também é empresária, promovendo projetos para atletas de alto rendimento e para a cultura do esporte.
Confira uma entrevista de Daine dos Santos, nos tempos em que ainda atuava como ginasta: https://www.youtube.com/watch?v=QDAJ30rs0aU

 

Izabella Chiappini
Com o pai técnico e a mãe ex-jogadora, Izabella Chiappini não tinha para onde fugir na escolha da profissão, não é à toa que tanto ela, quanto o irmão mais novo, Bruno Chiappini, são jogadores de polo aquático. Desde criança Izabella passou a dedicar-se à modalidade e mesmo que para muitos possa aparentar ser uma menina frágil para um esporte que requer certa “agressividade”, ela não só deu conta do recado nas piscinas, como construiu uma carreira sólida e é hoje vista como uma das principais jogadoras do mundo.

Entre categorias de base e equipe principal do Pinheiros, foram sete anos defendendo a seleção brasileira. A convocação para a seleção adulta veio cedo, quando não tinha nem 16 anos completos, mas desde então não desapontou e sempre representou o país com maestria. Foram dois Jogos Pan-Americanos: Guadalajara (2011), com o Brasil conquistando a medalha de bronze, e Toronto (2015), onde a atacante marcou 22 gols. Em 2016 também fez parte de outro momento marcante para o polo aquático feminino do Brasil, sendo a primeira vez que a equipe conquistou vaga para os Jogos Olímpicos. Izabella integrou o time nos Jogos do Rio de Janeiro.

No Mundial de Kazan (Rússia), principal torneio de 2015, em que anotou 17 gols, ficou ainda mais em evidência e atraiu os holofotes. Depois da competição a jovem atleta entrou para a lista de indicados para os melhores do mundo e acabou sendo eleita a segunda melhora jogadora de polo aquático do Mundo, pela Water Polo World, com apenas 20 anos de idade.

Entre suas experiências no exterior, Izabella estudou e jogou na Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, mas acabou não dando continuidade, para poder se preparar para os Jogos Rio 2016. Após a Olimpíada, optou por deixar o País e a seleção brasileira, para se naturalizar e defender a seleção italiana.

Mesmo morando e em outro país e jogando em outros clubes, Izabella que além de jogar pelo Pinheiros, é também associada do Clube, costuma, sempre que possível, integrar a equipe do Pinheiros em competições como o Brasil Open de Polo Aquático. Aos 25 anos a atleta atua pelo SIS ROMA, clube italiano e segue na briga pela vaga olímpica, tentando ajudar a levar a sua nova pátria, a Itália, aos Jogos de Tóquio.
Confira a notícia sobre o título recebido por Izabella Chiappini: https://www.ecp.org.br/iza-chiappini-e-a-segunda-melhor-jogadora-do-mundo-de-polo-aquatico/

 


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