Glauco Garrido, em busca do salto perfeito ele concilia os treinos com uma nova experiência como técnico

Com 28 anos, Glauco que está entre os veteranos da equipe masculina do Pinheiros, pretende realizar um salto de maior dificuldade ainda este ano e vive uma nova experiência estagiando como técnico

Glauco Aparecido de Camargo Garrido, tem 28 anos, sendo que 21 deles foram dedicados a ginástica. Nascido no município de Guarulhos, da região metropolitana de São Paulo, foi lá que ele deu os seus primeiros passos na modalidade. Foi através do convite de uma professora, para participar de uma Fanfarra do Desfile de “7 de setembro”, que tudo se iniciou.

“Eu sempre fui um pouco hiperativo e aprendi sozinho a dar estrela fazer parada de mão, espacate. Eu tinha de seis para sete anos e na EMEI onde eu estudava ia ter o desfile de “7 de setembro” e uma professora minha, vendo as minhas habilidades, me convidou para fazer parte como “baliza”.

Mais tarde, após o desfile, a professora conversou com sua mãe e estendeu o convite para que Glauco fosse até o ginásio da prefeitura de Guarulhos, onde ela dava aulas de ginástica artística.

“Eu criança, chego no ginásio e vejo o pessoal pulando na cama elástica, subindo na corda, caindo no colchão, daí pensei comigo mesmo: “nossa é aqui mesmo que eu quero ficar”, comenta o atleta de forma bem-humorada.
O Guarulhense conta que iniciou os seus treinos no ginásio e passou a representar o Município e se destacar nas competições. No início frequentava umas duas vezes por semanas por volta de umas duas horas e depois foi aumentado a carga horária.

“Minhas primeiras competições por Guarulhos foram Troféu São Paulo, Copa São Paulo, ganhei e comecei a ir para os campeonatos estaduais também. Como nós não tínhamos uma equipe, eu acabava me destacando individualmente. Teve até um Campeonato Pan-Americano Interclubes, no México, que eu consegui ir por Guarulhos, onde eu fui campeão. Ganhei cinco medalhas de ouro e duas de bronze”.

O Pinheiros e uma nova fase
Permaneceu treinando no ginásio e representando a equipe local até o ano de 2007. Mas devido a uns cortes de verba da Prefeitura a equipe foi se desmanchando aos poucos e ele sentiu que precisava alçar novos voos. Glauco já conhecia os atletas e técnicos do Pinheiros das competições em que participavam como adversários e resolveu procurar o Clube.

“Em Guarulhos tiveram uns cortes da Prefeitura e os atletas começaram a parar de treinar. Alguns já sabiam que não queriam seguir na carreira, mas eu ainda tinha condições, precisava buscar algum lugar para que eu pudesse evoluir e dar continuidade. Então acabei vindo para o Pinheiros em 2008”.

O ginasta lembra que no começo a troca de equipe foi difícil e que ele chegou a achar que não iria se adaptar ao novo local de treino, mas que no final acabou dando tudo certo.
“Eu vim para o Pinheiros com o objetivo de melhorar a minha ginástica, já que lá era bem limitado, por conta da estrutura do ginásio. Daí quando eu cheguei no Clube, além da estrutura melhor, tinham outros atletas. Lá em Guarulhos, por não ter outros atletas, eu não tinha muito parâmetro. Chegando aqui já não era mais o melhor, o treino era diferente e tive que correr atrás. No início foi muito difícil, até pensei que não fosse conseguir, achava que estava muito atrasado. Tive que ralar, mas no final deu tudo certo”.

No mesmo ano de sua chegada no Pinheiros veio também a primeira convocação para a seleção. O então pinheirense competiu um Campeonato Juvenil em Curitiba e foi vice-campeão no individual geral. Devido ao resultado, foi convocado para fazer parte do grupo que representou o Brasil no Campeonato Pan-Americano Juvenil, em Aracajú que foi campeão por equipe.

“Era meu último ano de juvenil, depois eu já entrei no adulto e daí ficou mais difícil, porque a seleção adulta é muito forte. Mas eu também tive alguns resultados expressivos no salto, que é o meu melhor aparelho”, ele avalia.

Pensando no futuro
Pouco tempo após atingir a fase adulta, com seus 19 anos, Glauco optou por cursar a faculdade de educação física. No entanto, a dura rotina de atleta e a dificuldade de conciliar os horários, acabou fazendo com que adiasse os planos e trancasse a faculdade.
“Comecei e tranquei a faculdade algumas vezes, porque percebia que ainda não era a hora. Mas daí passou mais um tempinho eu fiquei mais velho e percebi que era a hora de dividir o meu tempo entre os dois. Voltei e agora já estou no sétimo semestre, no último ano do curso”.

Com o retorno aos estudos, veio também a necessidade de fazer estágio e isso levou-o a “experimentar” a ginástica de uma nova forma, desta vez como técnico. Atualmente ele faz estágio auxiliando uma das professoras da escolinha do Pinheiros com uma equipe de iniciação e também uma técnica com uma outra equipe infantil, ambas turmas femininas.

“Eu achei que o feminino era uma área que eu nunca fosse trabalhar, mas eu tenho aprendido muito. Principalmente sobre alguns aparelhos específicos da ginastica feminina, como a trave. Além disso, a parte de lidar com elas, na questão emocional, saber como falar, tudo isso é diferente”.
O atleta conta que desde sua mudança para o Pinheiros, passou a morar na capital, deixando a família em Guarulhos. Os familiares, no entanto, sempre o incentivaram desde o começo e acompanham as competições sempre que possível. Atualmente ele também conta com o apoio constante de sua noiva.

Glauco será um dos representantes do Pinheiros no Campeonato Brasileiro de Especialistas que acontece no Rio de Janeiro na próxima semana (de 5 a 9 de junho). “Me sinto realizado por tudo que eu já fiz na ginástica, mas este ano um dos meus objetivos é conseguir uma medalha no salto, que é a minha principal prova. E no solo, quem sabe também fico entre os três? ”.
O ginasta veterano ainda revela seus planos de curto e longo prazo, no mundo da ginástica artística.

“No Brasileiro e no Estadual, que vai ter na sequência, quero executar o salto que tem um grau de dificuldade mais alto e quero acertar. Se conseguir fazer isso, vou ficar realizado por agora. Além disso, acho que o que eu sei fazer mesmo é a ginastica. Então eu tenho planos de ficar dentro da modalidade como treinador. Quero seguir na carreira e treinar uma equipe masculina, acompanhar desde criança até eles chegarem no adulto, já que é um trabalho a longo prazo. Este é o meu objetivo principal, após a fase como atleta”.