Dona de hits que ultrapassaram fronteiras e criaram trilhas sonoras para diversas gerações, Paula Toller está de volta. Depois de anunciar oficialmente, em 2016, o fim do Kid Abelha, o grupo mais pop rock nacional, a cantora se prepara para lançar o quinto álbum solo e percorrer o País com uma nova turnê.
Aos 55 anos (completados no mês passado), autora de clássicos pop como Pintura Íntima, Garotos e Como eu Quero, a cantora e compositora é a atração do Jantar de Aniversário.
Antes da apresentação, que promete fechar os festejos com o melhor do universo pop, a carioca conversou com a Revista Pinheiros e lembrou o começo da carreira,
o tom feminista das suas composições e garantiu um show para todo mundo dançar e cantar.
Como a música entrou na sua vida?
Minha família não era do meio musical, mas tinha gosto para artes. Meu avô conhecia música clássica, meu pai ouvia jazz e meu irmão, black music. Eu absorvi esse gosto e me aprofundei no rock. A arte eleva o espírito, tira a pessoa do tédio e da monotonia. Seja triste ou alegre, tudo fica mais interessante com música.
Quais foram as suas influências?
Tudo o que eu citei e também a trilha da minha adolescência, The Beatles e rock clássico anos 70 americano, inglês e brasileiro.
Foram mais de 30 anos acompanhada e dividindo responsabilidades com uma banda. Qual o maior desafio da carreira solo?
Tenho mais liberdade. Não preciso negociar tanto (risos). Acho que a banda teve o tempo certo, encerrou no auge. Não seria justo viver uma decadência, fazer algo “meia-boca”.
Em 1998, você lançou o seu primeiro disco solo que tinha um estilo bem diferente do trabalho do Kid Abelha. Como surgiu essa vontade?
Eu estava querendo marcar meu espaço como intérprete e mostrar algo da minha formação pré-rock.
Você acumula mais de 70 mil cópias vendidas em carreira solo. Qual o balanço que você faz?
No momento é mais importante realizar, dar meu recado, do que vender para o grande público. Essa experiência eu já vivi.
Como as músicas do Kid Abelha conversam com as canções do seu trabalho solo?
Nos shows, eu procuro equilibrar as novidades com os hits. Quero as pessoas felizes. E, felizmente, eu e meus parceiros temos mais de 30 sucessos que podemos cantar juntos, podendo variar e interpretar de outro jeito.
Você começou a compor em uma época em que não era tão comum ter mulheres na composição. Como foram recebidas as suas letras?
O inusitado delas chamou atenção. Eu falei de um jeito condizente com aquele momento. Fui franca, fui um pouco irreverente e criei um bittersweet brasileiro.
Garotos, Como eu Quero, entre outras, têm um tom feminista para os anos 80.
Eu vivi meu tempo e fiz tudo que queria mesmo sendo difícil. Isso é feminismo?
Como surgiu a composição na sua vida?
Escrever veio antes de cantar. Fui criada por um escritor, revisava os livros do meu avô antes dele lançar. Era normal.
Qual a diferença de compor no começo da carreira e agora?
Eu tinha muita insegurança e isso me paralisava. Hoje, ignoro a insegurança e mando ver. Tenho muita felicidade de ser bem-sucedida fazendo o que amo.
O que a inspira a compor?
Tudo o que vivo e vejo as pessoas viverem. E também as histórias dos filmes, das pinturas, dos livros.
Se um biógrafo se detiver em suas composições pode escrever um livro sobre você?
Pode escrever um livro que talvez faça sentido para ele. É impossível manipular uma criação ao ponto de controlar o sentimento de quem recebe. Eu faço uma canção, mas espero que haja impressões diferentes sobre ela.
Quando a música está pronta para você? O processo é doloroso ou prazeroso?
É trabalhoso. Eu sou rigorosa com a musicalidade, as rimas, aliterações, com a prosódia, não gosto de repetir palavra, ou se repito é proposital.
Como é saber que o que você escreve vira trilha sonora para os momentos de muitas pessoas?
É um prazer sem fim.
O que o palco representa para você?
O palco é um sonho, uma viagem. Se manter tanto tempo nele é uma sorte.
Você fará um show em um dos maiores clubes esportivos do mundo. Qual sua relação com o esporte?
Jogo Tênis há quase 30 anos. Na minha casa todo mundo canta e joga bem.
O que os pinheirenses podem esperar do seu show no Jantar de Aniversário de 118 anos?
Vou apresentar um repertório especial para todo mundo dançar e cantar.
Foto: Flávio Colcker/Divulgação