Uma das estilistas mais famosas do País é pinheirense. Com mais de 40 anos de carreira, Gloria Coelho é considerada, pela imprensa internacional, “a grande dama da moda brasileira”. Seus traços minimalistas e as referências futuristas já viraram uma verdadeira escola.
A frente da marca G, que criou em 1974 e que hoje leva seu nome, a estilista mistura tecnologia e espiritualidade, antecipa tendências e mostra muita personalidade em cada coleção.
Gloria Maria Menezes de Alencar Coelho mostra, a cada momento, que é uma mulher conectada. Para comprovar, foi a primeira entrevista da Revista Pinheiros a ter as respostas por áudio, no WhatsApp, e, ainda, respondeu algumas perguntas que ela mesma elaborou.
Confira essa autoentrevista futurista.
Você escolheu a moda ou a moda escolheu você?
Eu fazia colegial técnico de Comunicação Visual em uma escola chamada IADE, que preparava para o curso de Arquitetura, Cinema, esses cursos mais artísticos, que eram de nível alto. Comecei dessa forma, há 42 anos, e a moda me escolheu. Eu amo a moda.
Você confeccionava e vendia camisetas e bijuterias na Rua Augusta, aos 17 anos. O que se lembra dessa época?
Eu e minhas amigas fizemos uma sociedade e vendíamos camisetas no colégio e na Rua Augusta. Nós começamos a vender muito, muito, muito. Elas acabaram entrando na Faculdade de Arquitetura, mas eu era muito fraca nas matérias e fiquei de recuperação. Aí todos continuavam querendo roupas. As pessoas me procuravam em casa para comprar as camisetas e aí não parei nunca mais.
Com você se veste no dia a dia?
Eu me visto confortável, mas com roupas que representam o momento da moda. Não sou retrô, não gosto de nada retrô. O de que mais gosto é o meu trabalho, eu pego energia nele. Então, vejo muita imagem todos os dias e sei o que está acontecendo.
Você sempre avança nas tendências da moda e tem essa característica mais futurista. De onde vêm essas ideias pioneiras e inovadoras?
Me sinto livre porque acredito que as coisas são diferentes, as pessoas são diferentes, e, às vezes, certas regras não são para mim. Crio o meu universo e a minha realidade de universo. Crio minha vida no que acredito e não tenho que ser igual a ninguém. Não tenho que ser como as outras pessoas para ser feliz. Fico feliz fazendo as coisas em que eu acredito. O meu nome é muito respeitado pelas criações, porque crio as tendências.
O que a fascina no mundo da moda?
Quando você vê um filme dos anos 1960, vê toda a moda e a arte dos anos 1960. Quando você vê um filme dos anos 1970, você vê a arte, a moda, a música, tudo junto. A moda, a música, a arte, a arquitetura, a decoração, representam uma fase. É como se cobrissem a Terra e passasse 200 mil anos, então, no ano de 2016, a moda estava assim, usando um tipo de tecido e material. Dá para saber tudo por meio da moda.
Com mais de 40 anos de carreira, quais momentos da sua trajetória você destacaria?
A nossa primeira exposição foi a convite do governo português, que fizemos em Lisboa, no Museu da Cidade. Foi muito lindo, emocionante, pessoas muito importantes de Lisboa estiveram presentes. Em 2001, quando lancei o livro Glória Coelho – Linha do Tempo foi com uma exposição no Museu da Casa Brasileira. Tivemos a maior visitação do Museu desde que foi inaugurado. Informaram que nunca uma exposição foi tão visitada. Chegavam ônibus das escolas de moda todo dia para ver a exposição.
Hoje quais estilistas inspiram você?
Meu filho, Pedro Lourenço.
Vocês dão opinião um no trabalho do outro?
Lógico que falamos coisas um para o outro, mas, em geral, acredito que não devemos interferir muito na criação do outro, porque já imaginou chegar ao Picasso e falar – ‘Picasso, não faça esse quadro assim’?
Quando o Pedro decidiu seguir a mesma carreira que você, o que achou dessa escolha?
Quando o Pedro disse que queria ser estilista, eu falei – ‘Será que você não quer ser cientista? O planeta está precisando mais’. E ele disse – ‘Não, mãe, eu quero ser estilista’. E aí ele é um grande estilista. Eu acho lindo tudo o que ele cria, tenho muito orgulho dele. Realmente, tenho um gosto que compreende o gosto dele. Eu fico emocionada com os trabalhos dele.
Qual é a sua relação com o Clube?
Eu amo o Pinheiros, é o meu clube predileto. Sempre amei. Desde pequena, eu ia ao Mingau Dançante, no domingo à tarde, para dançar. E adoro a piscina, amo nadar. Já fiz Natação. Tentei fazer Esgrima, mas acho muito difícil. Fiz Tênis também, mas acho difícil. Na realidade, o que faço mesmo aí é a Sauna e a Natação. Eu amo esse Clube – é verde, lindo e está a cada dia melhor.
Você gosta de estudar Física Quântica? De onde veio esse interesse e como você usa esse conhecimento na sua vida pessoal e profissional?
Como sempre fui curiosa com religiões, a Física Quântica é uma continuação do meu estudo desde criança. Sou católica, presbiteriana, espírita, cabalista, budista. Sou tudo. Acredito em tudo. Acredito no universo. Acredito que a força é nossa. Lógico que há uma grandeza maior que faz toda essa beleza e magia existirem. A Física Quântica é uma explicação do universo. Ela explica que o que você pensa cria o seu futuro. E eu adoro isso. Estudo isso para saber e aprender. No trabalho, nós usamos a energia: falamos ‘nossa roupa cura e dá amor’. E acreditamos nisso, porque as pessoas que trabalham comigo têm muito amor no que elas fazem. Então, com certeza, a nossa roupa e o nosso negócio dão amor e alegria para as pessoas.
O que você espera e deseja para 2017?
Espero melhorar a minha mente e evoluir mais. Quero proteção para todos da minha empresa, para a minha família, para as famílias de todos que trabalham comigo. E eu quero salvar o planeta.
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