Caio Ribeiro Decoussau escreveu seu nome dentro dos gramados. O ex-atacante, que estreou no São Paulo, passou por grandes equipes nacionais e internacionais, como o Inter de Milão e o Flamengo, e chegou à Seleção Brasileira. Com 31 anos, encontrou outro rumo para sua carreira. Ao se matricular no curso de Gestão do Esporte, começou uma nova jornada, como comunicador.
Em conversa com a Revista Pinheiros, um dos principais comentaristas de Futebol do País, aos 41 anos, revelou como se preparou para essa nova empreitada, quais são seus cuidados antes de comentar uma partida e, claro, sobre entrar no gramado hoje.
Jogador de Futebol tem uma carreira curta. Era uma preocupação sua ter uma outra profissão?
Fiz um acordo com o meu pai: no dia em que resolvi correr atrás do sonho de ser jogador profissional, falei que, quando parasse de jogar, faria uma faculdade. Quando parei, no fim de 2005, fiz uma faculdade de Gestão do Esporte.
Você parou por conta da idade?
Não, na verdade, parei até mais cedo do que a maioria dos jogadores. Parei aos 30 anos e sem nenhuma lesão importante. Foi mais uma decisão pessoal mesmo, de vida, de continuar dentro do esporte e planejar uma pós-carreira. Estava cansado e precisando descansar.
Você planejou sua carreira para trabalhar com comunicação?
Não. Conversando com um amigo, pintou um convite da Rádio Globo. Foi aí que entrou meu planejamento de carreira, porque pensei: ‘Puxa, daqui a pouco vai parar o Edmundo, o Romário, o Rogério Ceni, o Marcos. Caras que jogaram muito mais do que eu. Então, talvez fosse a hora de parar um pouquinho antes e já pensar em uma pós-carreira, com o planejamento de, em cinco anos, estar em uma TV aberta. Esse era o meu objetivo. Antes de ir para a TV, trabalhei um ano na Rádio Globo com o Oscar Ulisses e isso foi um grande aprendizado.
Você é bastante didático ao comentar as partidas. Podemos dizer que é seu diferencial?
Isso tem muito a ver com o meu jeito, com a forma como penso. Quando falamos de TV aberta, estamos falando para todos os perfis e idades. E para muitas dessas pessoas que estão em casa não adianta eu falar em ‘4, 4, 2’ ou ‘4, 5, 1’. Nessa hora, penso na minha avó, sei que ela acharia que é uma sopa de letrinhas e não saberia do que se trata. A minha preocupação é com a pessoa que não é ligada ao esporte e que ao ligar a TV entenda a mensagem que quero passar.
Como é ser imparcial, quando o time para o qual você torce está em campo?
Para mim é tranquilo, porque todos nós temos um time de infância e aí é aquela paixão, que é o que move o Futebol. A paixão clubística. Só que quando ainda era jogador – passei pelo São Paulo, depois pelo Santos, pelo Grêmio, Botafogo, Flamengo, Fluminense – e a partir daí, você acaba se afeiçoando às pessoas muito mais do que à camisa que você veste. Cada vez mais você vai interpretando o Futebol de uma maneira muito profissional e isso não diminui a paixão. Você tem o seu time, mas no dia seguinte você está jogando contra ele e você tem de dar o seu melhor, honrar a camisa que está vestindo. Como comentarista, procuro ser o mais isento possível, porque estou falando para todas as torcidas.
Você é bastante didático ao comentar as partidas. Podemos dizer que é seu diferencial?
Isso tem muito a ver com o meu jeito, com a forma como penso. Quando falamos de TV aberta, estamos falando para todos os perfis e idades. E para muitas dessas pessoas que estão em casa não adianta eu falar em ‘4, 4, 2’ ou ‘4, 5, 1’. Nessa hora, penso na minha avó, sei que ela acharia que é uma sopa de letrinhas e não saberia do que se trata. A minha preocupação é com a pessoa que não é ligada ao esporte e que ao ligar a TV entenda a mensagem que quero passar.
Como é ser imparcial, quando o time para o qual você torce está em campo?
Para mim é tranquilo, porque todos nós temos um time de infância e aí é aquela paixão, que é o que move o Futebol. A paixão clubística. Só que quando ainda era jogador – passei pelo São Paulo, depois pelo Santos, pelo Grêmio, Botafogo, Flamengo, Fluminense – e a partir daí, você acaba se afeiçoando às pessoas muito mais do que à camisa que você veste. Cada vez mais você vai interpretando o Futebol de uma maneira muito profissional e isso não diminui a paixão. Você tem o seu time, mas no dia seguinte você está jogando contra ele e você tem de dar o seu melhor, honrar a camisa que está vestindo. Como comentarista, procuro ser o mais isento possível, porque estou falando para todas as torcidas.
Para qual time você torce?
Eu me permito, hoje, torcer pela Seleção Brasileira e pelo Nápole, que é o meu time na Europa. A paixão clubística a gente perde bastante, principalmente depois que você vira comentarista.
Quais suas preocupações antes de comentar um jogo?
Tenho a preocupação de acompanhar os treinos, conversar com os jogadores, entender a cabeça do torcedor, para que seja não só didático, mas o mais transparente possível na transmissão.
Qual a sua maior dificuldade em comentar?
No começo, principalmente no primeiro ano em que atuei como comentarista, a minha principal dificuldade era que era um jogador. É complicado você criticar os seus amigos e companheiros de profissão. E eu não queria que a classe de jogadores me visse como um traíra, um cara que só porque estava com um microfone ia começar a falar mal de todo mundo. Até porque trago para os meus comentários alguns valores que considero importantes e que meus pais me passaram, como o respeito, e procuro analisar tecnicamente e não pejorativamente.
Quanto tempo você precisou para ser natural?
Depois de dois anos, acho que consegui uma aceitação, pois viram que não estava ali como um cara para falar mal de todo mundo. E fui me soltando, encontrando o timing certo até da crítica, sempre construtiva. Temos uma responsabilidade muito grande, estamos falando para milhões de pessoas. Hoje, já me sinto bem tranquilo.
Você faz alguma preparação para entrar no ar ou é mais espontâneo?
Cada comentarista se prepara de uma maneira diferente. Sempre levo o meu caderno de anotações, com a classificação, o próximo jogo da equipe, a situação, por exemplo, de uma Libertadores, para entender um pouco mais da sua complexidade, de onde o time está inserido. Quando eu entro no ar, procuro estar com o maior número de informações, tanto técnicas como pessoais.
Já sofreu alguma crítica forte, por ter falado algo e se arrependido depois?
Que eu falei e depois pensei que não deveria ter falado, já aconteceu sim, várias vezes. Graças a Deus, acho que em polêmica nunca me meti. Ser comentarista é analisar o jogo e ser o mais didático e transparente possível, em relação ao que vocês, que estão na frente da TV, estão assistindo. E sempre digo, não sou dono da verdade e muito pelo contrário, sei que se começar a falar muita bobagem, se for muito agressivo, se começar a falar algo diferente do que vocês estão vendo, vocês mudam de canal e vão para outra emissora.
Do que mais você sente saudade da época de jogador?
Da adrenalina do jogo, daquele momento em que você está entrando em campo, de ver um estádio lotado e de fazer um gol. Comemorar uma vitória é fantástico. Comecei a jogar com cinco anos e parei com 30. Durante muitos anos da minha vida, o Futebol era o meu combustível. Hoje, continuo no esporte, no ambiente do estádio, mas é diferente, você não tem aquela sensação de fazer o gol, de ganhar um jogo. Continuo apaixonado pelo que eu faço. Nunca vi minha vida longe do esporte.
Você pratica esporte no Clube?
No Pinheiros, quero voltar para o Futevôlei, porque faz tempo que não jogo, tenho jogado só Futebol. Antigamente, frequentava o Fitness, corrida na Pista de Atletismo, mas, depois que nasceram meus filhos, eu mudei para a academia do prédio, para ter mais tempo com eles, e tenho ido ao Clube, para jogar bola ou Tênis, uma ou duas vezes por semana.