Retrospectiva de exposições | Germania na Chácara Itaim – O Sonho realizado há 100 anos

Centro Pró-Memória Hans Nobiling traz  para o associado uma retrospectiva das exposições que estiveram em destaque nos muros da Av. Faria Lima. Conheça mais sobre nosso Clube e aprecie seu rico acervo.

Germania na Chácara Itaim – O Sonho realizado há 100 anos

 

Primeiro time do Sport Club Germania 1899.
Primeiro time do Sport Club Germania 1899.

Antes dos anos 1920.

O Esporte Clube Pinheiros, antigo Sport Club Germania cumpriu uma longa trajetória até chegar ao atual endereço, área adquirida somente em 1920. Há 100 anos o sonho da sede própria se tornava realidade.

Até então, o Germania passou por muitos bairros plantando, aqui e ali, as sementes de uma vocação social e esportiva.

Fundado em 1899 à Rua da Mooca, 115, na residência de Rudolf Wahnschaff Júnior, mantinha diferentes práticas esportivas em diferentes locais; o futebol por exemplo, funcionava na Chácara Dulley, no Bom Retiro, berço paulistano daquela modalidade.

A primeira sede social teve lugar à Rua dos Andradas, esquina com a Rua dos Gusmões, casa do Sr. Ricardo Muller. Posteriormente, mudando em 1902, para a Rua 15 de novembro no bar Progredior. Em 1909 foi para a Rua Direita, nos altos da Confeitaria Fasoli. Em 1913, transferiu-se para rua José Bonifácio 35. E em seguida, para as ruas: Timbiras, Xavier de Toledo, Líbero Badaró, Largo do Paissandu e Florêncio de Abreu. Mesmo depois da compra da Chácara Itaim, onde foi instalada definitivamente a praça de esportes, a sede social esteve funcionando nos endereços acima. Somente com a fusão à Sociedade Gesellschaft Germania, em 1942, a sede social passou a ocupar a Rua Dom José de Barros.

Rua D. José de Barros

 

Enquanto a sede social experimentava todos esses endereços, os alemães buscavam espaço para desenvolver a diversificada aptidão esportiva. Novamente uma sucessão de endereços perfilam-se, na quantidade e na cristalização dos novos esportes.

Do futebol na Chácara Dulley, e depois na Chácara Witte, ambas no Bom Retiro, passa-se para a Estrada de Ferro Cantareira, bem no local da parada, onde atualmente está localizado o Mercado Central. Mais tarde, se muda para o chamado “peão” do Hipódromo da Mooca, à rua Bresser, e em seguida para o Parque Antártica onde, além do Campo de futebol manteve quadras de tênis.

 

O remo e a natação utilizavam um espaço no Recanto Bela Veneza, na Ponte Grande.

A Chácara Itaim na época da compra

A busca por uma área adequada às necessidades do Clube levou seus dirigentes a lugares longínquos.

A Chácara Itaim, região bucólica que fornecia frutas, verduras, leite e mão-de-obra doméstica aos abastados moradores dos Jardins, era um desses lugares na cidade de São Paulo.

Seu nome, deriva de Itay, “pedra pequena”, em tupi-guarani. As terras pertenciam no século XIX ao general José Vieira Couto de Magalhães, herói da Guerra do Paraguai e último presidente da Província de São Paulo antes da Proclamação da República, em 1889. Em 1920, a propriedade da família Magalhães, fora loteada, abrigando pequenos sítios de imigrantes italianos.

O apelido de um sobrinho do general, Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, o Bibi, morador da Chácara Itaim, completou o nome do bairro. Isso o diferenciava de Itaim Paulista, outro bairro, na zona leste.

Na época, a área era de difícil acesso, para chegar a esse terreno tinha-se que abrir porteiras e atravessar caminhos entre Chácaras. Transporte público nem pensar e os carros eram poucos. No entanto, aquele terreno à beira do rio Pinheiros encantou os dirigentes, que muitas críticas receberam. Afinal o que fazer com aquela área afastada, encharcada, própria para a caça de patos?

O alagado terreno já não possui mais patos, mas tornou-se uma das áreas mais valorizadas da cidade.

 

Max Engelhardt e C. O. W. Klaussner

 A compra

Em 30 de agosto de 1920, pelo valor de oitenta contos de réis, o presidente do Germania Carlos Otto Willibald Klaussner, o 1º secretário Erwin Hosfsteller e o tesoureiro Eugênio Deininger assinam a escritura de compra da área de 100.000 m2 pertencente a Galileu Galilei Couto de Magalhães e sua esposa. Estendia-se do início da Rua Iguatemi até o rio Pinheiros com uma curva defronte aos atuais ginásios.

Longas negociações resultaram na queda do valor do terreno que inicialmente deveria custar 100:000$000, e mesmo os 80:000$000, preço final, o Clube não dispunha. Foi preciso um emprétimo de seus dirigentes. O Sr. Max Engelhardt contribuiu com 50:000$000 e o Sr. Klaussner com 30:000$000.

 

Em 1934 ocorreu a aquisição da 2ª gleba de 42.000 metros quadrados sob a gestão  do presidente Arthur Stickel. Em anos subsequentes foram compradas outras áreas para formar o que é hoje  patrimônio do Clube.

 

A cidade e o Clube

Era impossível imaginar nos anos 1920 no que se transformaria a cidade. O Itaim Bibi foi reconhecido como bairro em outubro de 1934. Sua verticalização foi intensificada no fim da década de 70, com a saturação dos terrenos disponíveis à construção nos Jardins, a abertura da Avenida Brigadeiro Faria Lima e a inauguração da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek (1976).

Hoje a região é uma das mais valorizadas da capital, e o Clube situado em uma região idílica e quase selvagem acabou sendo engolido pela cidade como mostram os documentos fotográficos.