Série #VidadeFisio – Rafael Lira

Por que escolheu estudar Fisioterapia? O que o motivou? E o porquê a fisioterapia desportiva?
O que motivou estudar fisioterapia, falando a verdade, foi o incentivo de um paciente que eu tenho. Minha formação de base é Massoterapia e Terapia Oriental. Até então, eu não tinha interesse na área, pois conhecia alguns profissionais frustrados com a profissão, mas por insistência desse paciente que vivia falando para focar em fisioterapia, iniciei o curso, quando vi, estava apaixonado pela profissão. Embarquei de cabeça. Hoje eu amo o que faço.

Eu entrei na faculdade querendo a fisioterapia desportiva, no decorrer da faculdade eu conheci outras áreas da profissão. Quando terminei a faculdade, queria aprofundar meu conhecimento na área de neurologia adulta. Prestei provas para ortopedia e neurologia, passei em neurologia. Nessas circunstâncias, surgiu a oportunidade de trocar de área no Clube.

 Como começou a sua história no Esporte Clube Pinheiros?
A história é longa, tive duas passagens pelo Pinheiros. A minha primeira passagem pelo Clube, eu tinha 12 anos, comecei como Jovem Aprendiz, que na época era chamado como “Gandula de Tênis. ” Então eu trabalhei dos meus 12 a 14 anos no Pinheiros.

Quando completei 23 anos, tinha no currículo um curso de massagem, soube que o Pinheiros estava contratando para alguns departamentos, então resolvi agarrar a oportunidade, trabalhando como Atendente de Lanchonete. Como eu queria ingressar no Clube novamente, resolvi aceitar, mesmo não sendo na minha área.

Abriu uma vaga na massagem, não pensei duas vezes e me candidatei. Passei na seleção e desde então foram oito anos dedicados a massoterapia no Clube.

Nesse ciclo, sempre estudei, busquei conhecimento até que surgiu a oportunidade de ir para fisioterapia esportiva e nela estou, até hoje.


Atualmente você atua em qual modalidade? Como é fazer parte da equipe, o dia a dia com os
atletas?
Atualmente eu trabalho com o judô, tênis e vôlei masculino (base). Mas no judô é onde eu tenho mais demanda.

Trabalhar no dia a dia com os atletas é muito enriquecedor, no ponto de vista profissional e pessoal, porque eu gosto muito de histórias de vida, e cada um deles possuem a sua história de superação. São pessoas, geralmente de uma origem mais humilde, que encontram no esporte uma grande oportunidade de sucesso na vida.

O judô é uma modalidade que é reconhecida no mundo inteiro, o nome do judô pinheirense é lembrado, respeitado e muito bem visto no meio esportivo em qualquer lugar. Sou muito grato por trabalhar com a equipe, atletas comprometidos, que conquistaram títulos nacionais e internacionais importantes, medalhas pan-americanas e olímpicas.

Fazer parte dessa equipe no dia a dia é desafiador, as lesões são muito variadas, existe uma predominância de algumas lesões específicas. Carrego esse desafio como profissional, entender os mecanismos, processos de construção da lesão e recuperação.

Uma coisa que aprendo cada dia mais com eles, é o que os atletas de luta, culturalmente, possuem uma resistência à dor muito alta. Ou seja, quando algum atleta se queixa de alguma dor para o fisioterapeuta, é que ele chegou no seu limite, isso ao mesmo tempo, eu não gosto, pois quanto antes houver minha procura para atendimento, mais rápido conseguimos encontrar uma solução, mas ao mesmo tempo eu admiro a resiliência dos atletas, como eles conseguem treinar e competir com dor, coisa que muitos atletas não conseguiriam. São situações que me deixam muito atento, isso fortalece muito, tanto profissionalmente, como pessoalmente.

Quais foram as principais competições que já acompanhou?
Com o judô, todas as competições do circuito nacional.

– Troféu Brasil de Judô Sênior

– Grand Prix de Clube, gosto muito dessa competição, devido a energia, por ser um esporte individual, ter uma competição que eles lutam pela equipe é muito diferente e contagiante de ver a galera.

Um momento ou alguns momentos memoráveis na sua carreira?
Algumas transições na minha carreira, como a transição entre a massoterapia e a fisioterapia. Uma situação que me deixou muito feliz, foi a conquista do bronze da Bia Rodrigues no Mundial. E o principal é solucionar as queixas de dores e lesões que os atletas possuem que ficam ocultas.

Pensando em competição foi a conquista do Grand Prix, por toda a garra que a equipe teve e principalmente pela última luta. Foi incrível!

Um fisioterapeuta, assim como um preparador físico, o técnico ou outro membro que faça parte de uma equipe multidisciplinar, vibra e comemora as conquistas dos atletas como se fossem sua? Como é lidar com este sentimento em um ambiente de competição?

Essa pergunta é muito abrangente, eu desejo muito e torço pelos atletas, toda a equipe multidisciplinar acompanhe de perto e vibra junto com as conquistas.

Fico mais feliz ainda quando os atletas passam um feedback positivo sobre algum tratamento. Quando eles vão para a competição e se queixam de algum problema que eu consigo resolver na hora. A medalha é muito importante, mas eu gosto de ver o desenvolvimento humano e superação de cada um.

Como eu me preocupo muito mais com o desenvolvimento pessoal de cada atleta, então pra mim é tranquilo lidar com esse sentimento em um ambiente de competitivo. Pois eu penso na necessidade de cada atleta, apesar de todas as pressões de serem do alto rendimento, por terem que dar resultado e nós também temos que dar resultado também. É como se fosse uma máquina funcionando em perfeita harmonia, a comissão passa o treino, eu entro com o trabalho de reabilitação e prevenção o atleta treina, ganha e chega no pódio. Enquanto essa máquina funciona perfeitamente é muito tranquilo.

Qual é o maior desafio em ser um fisioterapeuta do esporte? E qual é o diferencial?

O maior desafio ao mesmo tempo é o maior diferencial. Porque o maior desafio do fisioterapeuta esportivo é ser muito resolutivo, com recursos limitados em pouco espaço de tempo, esse é o maior desafio. Muitas vezes o atleta se machuca e temos uma ou duas semanas para solucionar o caso.

Você tem algum protejo paralelo ao Clube? Conte como é.
Tenho alguns projetos paralelos ao Clube. Tenho um projeto relacionado ao estudo psicossomática, voltado a intervenção manual, ou seja, entender as lesões causadas por questões emocionais e como podemos intervir nisso, através do toque e da mão, esse é um projeto muito pessoal que tenho trabalhado e estudado muito para desenvolver. Em paralelo, atuo na clínica LIV com alguns profissionais do Clube, é um projeto muito legal e promissor que só agrega valor na profissão, pela equipe que é formada. Estou muito satisfeito em fazer parte do grupo.

Para finalizar, deixe um recado para quem quer ser um fisioterapeuta. Que dicas daria?
Um recado para quem quer ser fisioterapeuta, o caminho não é fácil, assim como nada é fácil, mas é muito gratificante. Vai existir momentos de muitas dúvidas, frustação, porém em sua essência é um trabalho muito gratificante e que as pessoas confiam muito em você.

Então pra quem quer ser um fisioterapeuta esportivo ou em qualquer área, você tem que gostar de pessoas, tem que ter amor e estar comprometido com pessoas.

Estudem, estudem muito, cada lesão é diferente, cada pessoa responde de forma diferente, precisamos ser profissionais atentos a individualidade de cada um. Fique atento ao ser humano, não somente na lesão.

 

 


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