Campeão Pan-americano, o pinheirense peso meio-leve disputará seu quinto Mundial
Se fosse para definir a vida de Charles Koshiro Chibana em duas palavras seria “família” e “judô”. Nascido em uma família de descendentes de japoneses, o jovem teve seu primeiro contato com um dojô já nos primeiros anos de vida, tendo começado a praticar o esporte bem cedo. “Comecei a fazer judô com três anos, eu praticamente aprendi a andar em cima do tatame”, ele brinca.
Kohan Chibana, avô de Charles, sempre gostou e praticou artes marciais e reforçava para os seus oito filhos (sendo um deles o pai de Charles) a vontade de que os netos se dedicassem ao judô. Outro valor que sempre norteou a família foi a “união”, que motivou os irmãos Chibana a construir um edifício na Vila Carrão, onde sete dos oito filhos de Kohan moram até hoje.
Foi neste edifício que Charles, seus irmãos e primos, inclusive a sua prima Gabriela Chibana, que também é da seleção brasileira atualmente, conviveram durante a infância e chegaram a praticar judô juntos, já que a família acabou montando um tatame no local, para que todos pudessem praticar. Mas foi na academia próximo de casa, Associação Vila Carrão, que os primeiros passos rumo ao alto rendimento começaram a ser dados.
Ele confessa que no começo não era muito fã da modalidade, que preferia o futebol e só ia por influência da família. Mas conforme foi crescendo e conquistando campeonatos importantes, começou a ver o judô com outros olhos. E em busca de melhorar cada vez mais, em 2006 passou a fazer parte da equipe do Esporte Clube Pinheiros, onde permanece até hoje.
“O judô é tudo na minha vida, a disciplina, a filosofia que o ele traz é o que formou a pessoa que eu sou hoje. Acho que tudo na vida é na base da disciplina”, afirma o atleta que hoje tem 29 anos.
No seu histórico dentro da modalidade, o pinheirense tem um título de campeão Pan-americano (2015), quatro participações em mundiais (este será o seu 5º), além de ter sido um dos convocados para a última edição dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro (2016).
“Tirando as Olímpiadas, o Mundial é o campeonato mais forte que tem, reúne os melhores atletas. E agora dois anos antes das Olímpiadas é um passo bem importante para chegar bem em 2020. A classificação para as olímpiadas foi algo marcante para mim, acho que todo atleta quer ser medalhista olímpico. A gente sonha em participar e treinamos muito para isso, então quando o resultado não vem a frustração é bem grande. Fiquei triste depois dos Jogos, mas procurei ver o que precisa ser melhorado, para chegar agora em 2020 não cometer os mesmos erros”, avalia o judoca.
Nas horas vagas, Chibana até gostava de relembrar os velhos tempos e jogar um futebol com os amigos para descontrair. Ele chegou inclusive a organizar alguns campeonatos entre atletas. “Antes a gente até fazia uns eventos, para reunir os amigos de outros Clubes. Nós passamos o ano inteiro competindo, viajando, então as vezes é bom descontrair. Todo mundo é amigo e procura sempre se ajudar, independente se for de outra equipe, afinal nós queremos o melhor para o Brasil, então procuramos sempre evoluir todo mundo junto”.
Pinheiros no Mundial de Baku 2018
Dos 22 atletas convocados para representar o Brasil no Campeonato Mundial de Baku, que acontecerá na capital do Azerbaijão no período de 20 a 27 de setembro, nove são do Esporte Clube Pinheiros, sendo seis no masculino e três no feminino.
Charles Chibana fará sua estreia no Mundial de Baku na madrugada desta sexta-feira (21). Outros três judocas do Pinheiros já iniciaram as disputadas na competição, mas infelizmente não conseguiram chegar a brigar por pódios.
Eric Takabatake (60kg) foi responsável pelo melhor desempenho, terminando em sétimo lugar. Ele venceu três lutas nas preliminares, mas caiu nas quartas e na repescagem pelo bronze. Na mesma categoria, Phelipe Pelim que disputou o seu segundo Campeonato Mundial, acabou não conseguindo passar da primeira luta, depois de sofrer três punições contra o espanhol Francisco Garrigos.
No ligeiro feminino, Gabriela Chibana que participou do Mundial pela primeira vez, estreou bem, com vitória por ippon sobre a sul-africana Geronay Whitebooi. Na segunda rodada, também não se intimidou diante da medalhista olímpica e mundial, Otgontsetseg Galbadrakh, e projetou a cazaque por waza-ari logo nos primeiros minutos de luta. A adversária, contudo, consegui forçar três punições à Chibana e avançou às quartas-de-final.
Confira a lista de judocas do Pinheiros:
Disputas individuais e por equipes
Seleção Masculina
Eric Takabatake (60kg) – ficou na 7ª colocação
Phelipe Pelim (60kg) – caiu na primeira luta
Charles Chibana (66kg)
Eduardo Yudy Santos (81kg)
Rafael Silva (+100)
Seleção Feminina
Gabriela Chibana (48kg) – caiu nas oitavas-de-final.
Maria Suelen Altheman (+78kg)
Beatriz Souza (+78kg)
Convocados apenas para a competição por Equipes Mistas
Marcelo Contini (73kg)