Ney Matogrosso

Ousado e transgressor, NEY MATOGROSSO se firma há anos como um dos principais nomes da música popular brasileira. Suas intepretações, coreografias e figurinos são conhecidos há décadas pela originalidade. Em plena forma, aos 77 anos, o cantor se apresenta no Pinheiros com o show Bloco na Rua, que reúne canções consagradas de grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso, Raul Seixas, Chico Buarque e Rita Lee.

Como surgiu a ideia do show Bloco na Rua?
Eu tirei o nome do show da música do Sérgio Sampaio. Bloco na Rua indica uma coisa de movimento, algo que está indo, não tem nada a ver com bloquinhos de Carnaval. Essa música eu queria cantar há muito tempo e abrir um show com ela.

Qual foi a inspiração para criar o espetáculo?
Eu queria fazer algo diferente do que vinha fazendo, cantar músicas de sucesso de compositores da MPB. Isso não aconteceu tão rápido assim, foi nos dois últimos anos que eu estava com o Atento aos Sinais, comecei a fazer roteiros e esse deve ser o décimo roteiro que eu fiz. Achei que esse era o que eu mais gostava. Não tinha nenhuma música inédita até então e não queria lançar nada.

Como você percebe a participação do público nesse show?
Tem uma coisa interessante que logo na primeira música o público já está entregue. No começo, isso foi até uma surpresa para mim. Nunca imaginei que essa entrega podia ser tão logo de cara.

Bloco na Rua pode ser considerado também um show político?
Eu não fiz pensando nisso. Eu queria um show de músicas não inéditas e essas canções foram criadas na década de 1970. Infelizmente, até hoje elas fazem sentido. Eu não faço questão de fazer discurso político nenhum, mas nas escolhas de músicas que eu faço tem o pensamento.

Você já gravou o show Bloco na Rua, com o qual está em turnê desde janeiro. Como é esse processo de testar as músicas ao vivo antes de entrar em estúdio para registrá-las?
Fazendo essa série de apresentações tenho completo domínio das músicas do repertório antes de gravar. Tenho feito isso desde 1993 e gosto desse processo.

O que os associados podem esperar desse show?
Espero que os associados, assim como as outras plateias, se divirtam muito. É um show que tem bastante música conhecida e por onde passa as pessoas estão gostando e se divertindo.

Como você construiu sua trajetória musical?
Desde o começo me firmei como um artista livre. Antes tinha contrato com gravadora e era obrigado a lançar um disco por ano. Hoje, criei meu próprio selo e tenho ainda mais independência para lançar o que eu quiser e na hora que quiser.

Algum artista te inspirou a fazer arte desse jeito?
Não, acho que essas atitudes têm mais a ver com a minha personalidade.

No começo você subia ao palco agressivamente e hoje amorosamente. O que mudou essa relação com o palco?
O tempo. Eu subia ao palco agressivamente por defesa, porque se não fosse, seriam agressivos comigo. Hoje em dia, como não tenho que me defender, subo amorosamente e cheio de boas intenções.

Você espera chegar aos 77 anos com esse domínio da voz e do corpo?
Nem esperava chegar a essa idade. Essa energia vem da minha cabeça, que acredita que ainda posso fazer o que quiser, e não tem nenhum impedimento físico da idade. Meu corpo faz tudo o que quero, então eu vou e me jogo.

Recentemente, foi escrita uma biografia sobre você. Foi fácil recuperar as histórias para contar no livro?
Não foi uma biografia, foi um livro de memórias. Essas lembranças fazem parte da minha vida, tudo é passado, não me toca mais. Então, não foi difícil relembrar as histórias.

Como foi alcançar o sucesso em massa com o grupo Secos & Molhados e recomeçar em carreira solo?
Nunca tive medo de nada. Assim que saí do grupo Secos & Molhados, já iniciei minha carreira solo.

Até hoje você não tem medo de nada?
Não, nem da morte, convivo muito bem com essa ideia de que um dia vou morrer. E, na verdade, não tenho do que ter medo, eu me recuso. Não farei esse papel.

 


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