O título da superação em águas búlgaras

A capacidade de superação do remador Jairo Natanael Klug foi além do esforço físico para conquistar o bicampeonato mundial de double skiff, categoria PR3, ao lado de Diana Barcelos, do Flamengo. Para chegar à medalha de ouro no Campeonato Mundial de Plovdiv, em setembro na Bulgária, o atleta pinheirense de 34 anos mostrou também força mental.

Jairo sofreu uma lesão séria e só retornou aos treinos na raia olímpica da USP um mês antes do Mundial. “Tive um pré-rompimento parcial dos tendões do braço direito. Para me manter ativo, continuei com a bicicleta. Superar o medo de que a lesão voltasse, deixou a conquista ainda mais especial”, relatou o remador do Pinheiros.

Em meio às incertezas provocadas pela lesão, Jairo sofreu extremo abalo emocional pelo falecimento repentino de seu pai, Renato, quatro dias antes do embarque para o Mundial. “Foi de forma inesperada, o que torna o fato ainda mais delicado. Como ele sempre me apoiou com sua presença nas competições, busquei apoio nele. Meu pensamento se manteve com ele o tempo todo”, resignou-se Jairo.

As superações foram recompensadas com a conquista máxima: o bicampeonato mundial. O primeiro título fora obtido em 2017 na Flórida. “Chegar no alto do pódio em uma competição de nível mundial é muito difícil. A segunda vez, nem se fala, significa a consagração”, revelou Jairo quanto ao sentimento da segunda medalha de ouro no Mundial.

A categoria PR3 é destinada à atletas que possuem alguma limitação, mas conseguem utilizar perna, tronco e braço. A parceira de Jairo, Diana, tem a perna direita amputada. No Pinheiros desde 2004, o remador passou a conviver com déficit de distensão na mão esquerda e nos dedos, após acidente de moto na Avenida Politécnica em 2011, quando deixava a USP depois de uma sessão de treino.

Antes do acidente, Jairo foi quinto colocado nos Jogos Pan-Americanos do Rio em 2007, campeão brasileiro de ‘quatro sem’ em 2008 e de ‘dois sem’ em 2009, além de vitórias no Campeonato Paulista e no tradicional Troféu Bandeirantes. Disputou os Jogos Paraolímpicos de Londres em 2012. O remador pinheirense treina diariamente em dois períodos na USP. Após o Mundial, foi convidado pela equipe paraolímpica de remo dos Estados Unidos para disputar a famosa regata Head of The Charles no final de outubro, em Boston, com atletas de vários países.