A exemplo de outros 30 corredores, pinheirense não suportou as condições adversas do clima em Sapporo
Não bastasse o desgaste natural de uma prova de 42,195 km, a temperatura (30°C) e a humidade do ar (77%) em Sapporo, 800 km ao norte de Tóquio, levou os 106 competidores da maratona ao extremo de suas condições físicas no encerramento do Atletismo nos Jogos Olímpicos na noite brasileira deste sábado (07), manhã de domingo no Japão.
Antes dos 15 km, o pinheirense Daniel Chaves se sentiu mal e abandonou a prova quando ocupava uma posição intermediária. A cena se repetiu dez quilômetros depois com Daniel Nascimento, que desistiu pelo mesmo motivo do xará no momento em que corria ao lado dos amigos quenianos, no pelotão da frente.
Chaves e Nascimento fizeram suas preparações em Iten, no Quênia, cidade considerada como Casa dos Campeões, por isso a amizade de ambos com os corredores quenianos. O único brasileiro a completar a prova foi Paulo Roberto de Paula, de 42 anos, em 69º lugar, 17m30 após a chegada do queniano Eliud Kipchoge, bicampeão olímpico com 2h08m38. Para se ter ideia das condições adversas em Sapporo, Kipchoge é o recordista mundial com 2h01m39, sete minutos abaixo do tempo obtido no Japão.
O queniano cruzou a linha de chegada aparentando que poderia seguir correndo por mais 42 km. O ganhador da medalha de prata, Abdi Nageeye, da Holanda, chegou só depois de 1m20, seguido pelo belga Bashir Abdi, que completou o pódio. Dos 106 inscritos na maratona, 30 atletas abandonaram a prova por desgaste excessivo ou lesão.
A saga de Daniel Chaves – O pinheirense de 33 anos, natural de Petrópolis (RJ), superou obstáculos do tamanho de uma maratona para chegar aos Jogos de Tóquio. A motivação para o Atletismo veio na infância, diante das dificuldades da família em arcar com os custos de transporte para a escola. Daniel retornava para casa correndo 5 km. Em 2007 começou a defender equipes de ponta no Brasil, até se transferir para a Holanda em 2013. Pouco antes, lesionou-se às vésperas dos Jogos Londres 2012. Na Olimpíada seguinte, Rio 2016, nova decepção ao ficar sem o índice olímpico por apenas dez segundos. Daniel pensou em desistir do esporte, foi diagnosticado com síndrome bipolar depressiva, mas por recomendação médica voltou a correr em 2018, encontrando seu melhor remédio.
Sua perseverança o levou a emergir da depressão para se tornar o maratonista mais rápido do País, conquistando o índice olímpico para os Jogos de Tóquio na Maratona de Londres, em 2019, com 2h11m10. Daniel possui três medalhas no Troféu Brasil, venceu provas de rua importantes na Europa e conquistou o bronze no Campeonato Europeu de Cross Country.
Créditos:
1 – Olimpíada Todo Dia (esq.)
2 – Gazeta Esportiva (dir.)